“O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política,
cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os
alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de
discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional
fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e
diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade
formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão
dentro e fora da escola. Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos
sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas
discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a educação inclusiva
assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da
escola na superação da lógica da exclusão. A partir dos referenciais para a
construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas e
classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e
cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades
atendidas.”. (MEC/SEESP – Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva; Portaria Ministerial nº
555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro
de 2007.)
“A
formação de professores é uma preocupação de pesquisadores há décadas e está centrada
na discussão das questões da educação nacional. É um tema tão antigo que data,
de 1930, início da expansão da escolarização primaria no Brasil. É inviável proporcionar
uma educação de qualidade sem que os professores estejam devidamente
habilitados para mediar o processo ensino-aprendizagem, principalmente, quando se
trata da Educação Especial, que perpassa os diferentes níveis e modalidades
educativas. A educação inclusiva deve atender às crianças/adolescentes em suas necessidades
emocionais, sociais, afetivas, físicas num espaço onde as ações desenvolvidas estejam
voltadas também para a promoção do conhecimento, da criatividade e da autonomia
humana. Para tanto, é preciso que este espaço seja um ambiente estimulante e rico
em desafios no qual a criança/adolescente, entre tantas habilidades
desenvolvidas, possa também ampliar seu universo cultural por meio do contato
com novas experiências que perpassam os ambientes sociais, permitindo-se
conhecer e ser conhecido.
É
preciso que o professor, em geral, e também o professor hospitalar domine conhecimentos
específicos referentes à aquisição de conhecimentos a fim de que possam efetivamente
auxiliar neste processo. É importante que ele tenha, antes de tudo, o domínio
dos conceitos inerentes a sua profissão ampliando à Pedagogia Hospitalar, que
saiba diferenciá-la de outras ações e que consiga garantir as especificidades
de cada um no processo de ensino-aprendizagem.
A formação do professor deve estar voltada para o saber, saber fazer e
saber explicar o que faz e porque faz. Porém, apesar de todo avanço nas discussões
sobre a formação de professores e dos esforços dos profissionais da educação
para melhorar sua prática, ainda são grandes os desafios para garantir a
qualidade da educação”. (Divina Ferreira de Queiroz Santos)
Para
que essa formação seja de fato efetiva é imprescindível que o Pedagogo/Professor
esteja preparado para atuar e ser o gestor do conhecimento neste ambiente
hospitalar. Para tal, alguns documentos são de importante colaboração e
direcionamento para a pesquisa e elaboração da prática pedagógica nesses espaços.
- Declaração dos Direitos Humanos (1948);
- Declaração de Salamanca (1994);
- Declaração de Guatemala (2001);
- O Compromisso de Dakar (2000);
- Tornar a educação Inclusiva (UNESCO, 2009);
- LDB nº 9394/96, Plano Nacional de Educação de 2001 – 2011 (PNE), Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores que institui a Resolução do CNE. CP Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002.
Como
base para conhecer a formação docente para educar pessoas doentes, podemos
consultar alguns autores que estudam a Pedagogia Hospitalar, entre os quais
podemos citar:
- Fonseca e Ceccim (1997; 1999; 2000)
- Ceccim e Carvalho (1997)
- Fonseca (1999, 2003)
- Amaral (2008)
- Mattos e Mugiatti (2001, 2009)
- Mattos (2009)
- Rodrigues Neto (2010)
- Jesus (2009)
- Brandão (1981)
- Castro (2009)
- Rodacoski e Forte (2009)
- Santos e Souza (2009)
- Oliveira (1997)
- Martins (2009)
Matos
e Mugiatti (2001) relatam que a Pedagogia Hospitalar coloca-se como um segmento
da pedagogia clássica voltada para alunos em estado de doença e tem o hospital
ou o domicílio como lócus. As autoras
citadas caracterizam a Pedagogia Hospitalar como:
[...]
um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal
da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais
transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar. Trata-se de nova realidade multi/inter/transdisciplinar
com características educativas [próprias]. Consiste no atendimento
personalizado ao escolar doente, respeitando seu momento de doença e considerando
a situação de escolaridade, como, também, a sua procedência (MATOS; MUGIATTI,
2001, p. 37).
Nessa perspectiva, a Pedagogia Hospitalar
desenvolve uma proposta pedagógica individualizada para cada
criança/adolescente doente ou hospitalizado, atendendo a sua necessidade e
respeitando a realidade escolar de origem, apesar de se encontrar no ambiente hospitalar.
Esta proposta difere das demais, por sua peculiaridade e características,
situando-se numa inter-relação entre os profissionais da equipe médica e da
educação. Fundamenta-se pelos conteúdos da educação formal, no atendimento
pedagógico à criança/adolescente doente, contribuindo na recuperação da saúde e
da vida, como, na promoção da continuidade do processo ensino aprendizagem, em
que estava inserido o aluno enfermo, antes do adoecimento.
Feitas essas considerações, faz-se necessário a
conceituação da pedagogia hospitalar. Para isso, recorremos às contribuições de
Matos e Mugiatti (2009) que apresentam a ideia de Pedagogia Hospitalar,
apoiados em outros autores. As autoras conceituam Pedagogia Hospitalar como:
[...] aquele ramo da pedagogia, cujo objeto de
estudo, investigação e dedicação é a situação do estudante hospitalizado, a fim
de que continue progredindo na aprendizagem cultural, formativa e, muito
especialmente, quanto ao modo de enfrentar a sua enfermidade, com vistas ao
autocuidado e à prevenção de outras possíveis alterações na sua saúde (MATOS; MUGIATTI,
2009, p. 79).
Com esse entendimento, é possível interpretar a
Pedagogia Hospitalar como uma nova área de estudo e atuação dos profissionais
de educação, considerando que seu campo de ação envolve pessoas - crianças e
jovens - doentes em situações prolongadas e em muitos casos, hospitalizadas ou
albergadas.
Acrescemos ao conceito, a ideia de que a Pedagogia
Hospitalar busca conscientizar a criança/adolescente doente quanto a sua nova
condição, realidade e possibilidades de conhecer seus limites e superá-los não
os confundindo com atendimento à sua enfermidade.
Vale ressaltar ser imprescindível que os
professores hospitalares conheçam sobre a enfermidade, tratamento, efeitos da
medicação que o aluno está recebendo e suas consequências na condição de ser
humano, como aprendizagem, interrelação, intrarrelação.
A esse respeito Fonseca (2003) aponta como um dos
objetivos da Pedagogia Hospitalar o alívio da irritabilidade, a superação da
desmotivação e do stress da pessoa em estado de doença durante a
hospitalização, por meio do atendimento pedagógico.
Também
Jesus (2009) confirma essa ao definir que:
[...] no
contexto do hospital,
cabe ao [professor]
perceber as intenções subjetivas das respostas, às necessidades
do paciente e tomar a iniciativa de quebrar
barreiras, transpor os
muros da indiferença
e deixar aflorar todo
o seu afeto já que esse é um sentimento que pressupõe interação. O
processo cognitivo também envolve o afetivo, através de relações e interações,
e para concretizá-lo é preciso ter equilíbrio emocional para agir com atenção e
tranquilidade junto aos pacientes (JESUS, 2009, p. 13).
Mediante
o que foi explicitado, entendemos que, para a Pedagogia Hospitalar se constituir
como uma modalidade de atendimento educacional inclusivo é necessária uma ação pedagógica
diferenciada. Não se pode esquecer que essa
ação acontece em um ambiente hospitalar ou domiciliar e o sujeito da educação se
encontra em uma situação diferente dos demais alunos. Apesar disso, essa
pedagogia representa um universo de possibilidades para a formação escolar do aluno
em estado de doença e se realiza pelo desenvolvimento de habilidades cognitivas
que contemplam a formação integral do estudante.
Por Renata de Araújo Scoralick
Texto Base
extraído de: http://tede.biblioteca.ucg.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1156
DIVINA
FERREIRA DE QUEIROZ SANTOS - FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA A PEDAGOGIA HOSPITALAR NA
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE MUNICIPAL DE GOIÂNIA
Outros
links para consulta:
CLASSE
HOSPITALAR E ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR
LIVRO:
O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA
MEC/SEESP
- POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
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