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sábado, 18 de abril de 2015

FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA ATUAÇÃO NA PEDAGOGIA HOSPITALAR



   “O movimento mundial pela educação inclusiva é uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação. A educação inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis, e que avança em relação à ideia de equidade formal ao contextualizar as circunstâncias históricas da produção da exclusão dentro e fora da escola. Ao reconhecer que as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino evidenciam a necessidade de confrontar as práticas discriminatórias e criar alternativas para superá-las, a educação inclusiva assume espaço central no debate acerca da sociedade contemporânea e do papel da escola na superação da lógica da exclusão. A partir dos referenciais para a construção de sistemas educacionais inclusivos, a organização de escolas e classes especiais passa a ser repensada, implicando uma mudança estrutural e cultural da escola para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas.”. (MEC/SEESP – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva; Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007.)



“A formação de professores é uma preocupação de pesquisadores há décadas e está centrada na discussão das questões da educação nacional. É um tema tão antigo que data, de 1930, início da expansão da escolarização primaria no Brasil. É inviável proporcionar uma educação de qualidade sem que os professores estejam devidamente habilitados para mediar o processo ensino-aprendizagem, principalmente, quando se trata da Educação Especial, que perpassa os diferentes níveis e modalidades educativas. A educação inclusiva deve atender às crianças/adolescentes em suas necessidades emocionais, sociais, afetivas, físicas num espaço onde as ações desenvolvidas estejam voltadas também para a promoção do conhecimento, da criatividade e da autonomia humana. Para tanto, é preciso que este espaço seja um ambiente estimulante e rico em desafios no qual a criança/adolescente, entre tantas habilidades desenvolvidas, possa também ampliar seu universo cultural por meio do contato com novas experiências que perpassam os ambientes sociais, permitindo-se conhecer e ser conhecido.
É preciso que o professor, em geral, e também o professor hospitalar domine conhecimentos específicos referentes à aquisição de conhecimentos a fim de que possam efetivamente auxiliar neste processo. É importante que ele tenha, antes de tudo, o domínio dos conceitos inerentes a sua profissão ampliando à Pedagogia Hospitalar, que saiba diferenciá-la de outras ações e que consiga garantir as especificidades de cada um no processo de ensino-aprendizagem.  A formação do professor deve estar voltada para o saber, saber fazer e saber explicar o que faz e porque faz. Porém, apesar de todo avanço nas discussões sobre a formação de professores e dos esforços dos profissionais da educação para melhorar sua prática, ainda são grandes os desafios para garantir a qualidade da educação”. (Divina Ferreira de Queiroz Santos)


Para que essa formação seja de fato efetiva é imprescindível que o Pedagogo/Professor esteja preparado para atuar e ser o gestor do conhecimento neste ambiente hospitalar. Para tal, alguns documentos são de importante colaboração e direcionamento para a pesquisa e elaboração da prática pedagógica nesses espaços.

  • Declaração dos Direitos Humanos (1948); 
  •   Declaração de Salamanca (1994); 
  • Declaração de Guatemala (2001);  
  • O Compromisso de Dakar (2000);
  • Tornar a educação Inclusiva (UNESCO, 2009);
  • LDB nº 9394/96, Plano Nacional de Educação de 2001 – 2011 (PNE), Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores que institui a Resolução do CNE. CP Nº 1, de 18 de Fevereiro de 2002.


Como base para conhecer a formação docente para educar pessoas doentes, podemos consultar alguns autores que estudam a Pedagogia Hospitalar, entre os quais podemos citar:
  • Fonseca e Ceccim (1997; 1999; 2000)
  • Ceccim e Carvalho (1997)
  • Fonseca (1999, 2003)
  • Amaral (2008)
  • Mattos e Mugiatti (2001, 2009)
  • Mattos (2009)
  • Rodrigues Neto (2010)
  •  Jesus (2009)
  • Brandão (1981) 
  • Castro (2009)
  •  Rodacoski e Forte (2009) 
  • Santos e Souza (2009)
  • Oliveira (1997)
  • Martins (2009)

Matos e Mugiatti (2001) relatam que a Pedagogia Hospitalar coloca-se como um segmento da pedagogia clássica voltada para alunos em estado de doença e tem o hospital ou o domicílio como lócus. As autoras citadas caracterizam a Pedagogia Hospitalar como:

[...] um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar.   Trata-se de nova realidade multi/inter/transdisciplinar com características educativas [próprias]. Consiste no atendimento personalizado ao escolar doente, respeitando seu momento de doença e considerando a situação de escolaridade, como, também, a sua procedência (MATOS; MUGIATTI, 2001, p. 37).


Nessa perspectiva, a Pedagogia Hospitalar desenvolve uma proposta pedagógica individualizada para cada criança/adolescente doente ou hospitalizado, atendendo a sua necessidade e respeitando a realidade escolar de origem, apesar de se encontrar no ambiente hospitalar. Esta proposta difere das demais, por sua peculiaridade e características, situando-se numa inter-relação entre os profissionais da equipe médica e da educação. Fundamenta-se pelos conteúdos da educação formal, no atendimento pedagógico à criança/adolescente doente, contribuindo na recuperação da saúde e da vida, como, na promoção da continuidade do processo ensino aprendizagem, em que estava inserido o aluno enfermo, antes do adoecimento.

Feitas essas considerações, faz-se necessário a conceituação da pedagogia hospitalar. Para isso, recorremos às contribuições de Matos e Mugiatti (2009) que apresentam a ideia de Pedagogia Hospitalar, apoiados em outros autores. As autoras conceituam Pedagogia Hospitalar como:

[...] aquele ramo da pedagogia, cujo objeto de estudo, investigação e dedicação é a situação do estudante hospitalizado, a fim de que continue progredindo na aprendizagem cultural, formativa e, muito especialmente, quanto ao modo de enfrentar a sua enfermidade, com vistas ao autocuidado e à prevenção de outras possíveis alterações na sua saúde (MATOS; MUGIATTI, 2009, p. 79).

Com esse entendimento, é possível interpretar a Pedagogia Hospitalar como uma nova área de estudo e atuação dos profissionais de educação, considerando que seu campo de ação envolve pessoas - crianças e jovens - doentes em situações prolongadas e em muitos casos, hospitalizadas ou albergadas.

Acrescemos ao conceito, a ideia de que a Pedagogia Hospitalar busca conscientizar a criança/adolescente doente quanto a sua nova condição, realidade e possibilidades de conhecer seus limites e superá-los não os confundindo com atendimento à sua enfermidade.
Vale ressaltar ser imprescindível que os professores hospitalares conheçam sobre a enfermidade, tratamento, efeitos da medicação que o aluno está recebendo e suas consequências na condição de ser humano, como aprendizagem, interrelação, intrarrelação.
A esse respeito Fonseca (2003) aponta como um dos objetivos da Pedagogia Hospitalar o alívio da irritabilidade, a superação da desmotivação e do stress da pessoa em estado de doença durante a hospitalização, por meio do atendimento pedagógico.

Também Jesus (2009) confirma essa ao definir que:

[...]  no  contexto  do  hospital,  cabe  ao  [professor]  perceber  as  intenções subjetivas das respostas, às necessidades do paciente e tomar a iniciativa de quebrar  barreiras,  transpor  os  muros  da  indiferença  e  deixar  aflorar todo  o seu afeto já que esse é um sentimento que pressupõe interação. O processo cognitivo também envolve o afetivo, através de relações e interações, e para concretizá-lo é preciso ter equilíbrio emocional para agir com atenção e tranquilidade junto aos pacientes (JESUS, 2009, p. 13).
Mediante o que foi explicitado, entendemos que, para a Pedagogia Hospitalar se constituir como uma modalidade de atendimento educacional inclusivo é necessária uma ação pedagógica diferenciada.  Não se pode esquecer que essa ação acontece em um ambiente hospitalar ou domiciliar e o sujeito da educação se encontra em uma situação diferente dos demais alunos. Apesar disso, essa pedagogia representa um universo de possibilidades para a formação escolar do aluno em estado de doença e se realiza pelo desenvolvimento de habilidades cognitivas que contemplam a formação integral do estudante.  

Por Renata de Araújo Scoralick


DIVINA FERREIRA DE QUEIROZ SANTOS - FORMAÇÃO DO PROFESSOR PARA A PEDAGOGIA HOSPITALAR NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA REDE MUNICIPAL DE GOIÂNIA

Outros links para consulta:

CLASSE HOSPITALAR E ATENDIMENTO PEDAGÓGICO DOMICILIAR

LIVRO: O PROFESSOR E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

MEC/SEESP - POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA







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